
Na tentativa de estreitar o espaço entre o corpo físico do artista e o do seu trabalho, me surgiram algumas questões:
Será que é mesmo possível habitar o mesmo espaço? Se não podemos entrar no objeto criado, que tal deixar que ele faça parte de nós?
Ser habitado pela obra quer dizer consumir o sentimento que ela tenta transmitir desde um princípio. Mas e se essa ligação não fosse mais racional, ou seja, se conseguirmos nos ligar com a nossa obra de maneira física e não intelectual, poderemos recuperar os sentimentos poderosíssimos que nos levaram a criá-la e de alguma maneira prolongá-los no nosso interior.
É assim que surge a ideia de ingerir a obra, literalmente, de engolir aquela emoção que alguma vez vomitamos no momento da concepção das nossas peças artísticas, Afinal o que nos leva a produzir arte são as emoções, sejam estas causadas por sentimentos de tristeza, nostalgia, amor, raiva, indiferença, etc…
Para isso podemos fazer diversas receitas dependendo do que quisermos ou precisarmos consumir, por exemplo, uma receita nostálgica, de saudade e de fechamento de ciclo.